terça-feira, 3 de janeiro de 2017

A subsistência do amor

Quanto tempo dura um amor? 

Alguém há de dizer que o amor pode durar a vida toda. Se pode mesmo, esse super-amor deve ser alimentado, penso. Vive e sobrevive da troca de amor, ou de lembranças bem plantadas e revisitadas.

Acontece que esse amor não correspondido está durando demais. Mais do que deveria, já que não tem do que viver. Não vive de nada, nem das lembranças, que, aliás, estão perdendo os contornos. Não existe mais contato – de espécie alguma. Não existem coisas em comum. Nenhuma foto está exposta, nenhum presente orna a casa. Nem o mesmo perfume está em uso. Nada. 

Então como pode esse amor ainda vingar? Vive do que, o infeliz? Vive de vácuo. Isso, de nada. Na total ausência de coisa alguma. Ali, naquele vazio todo, ele reina. Absoluto, resoluto. E talvez ele, o amor, nem seja mais amor. Seja um sopro, um último fôlego, algo que um dia pareceu amor. Mas que, por total falta de concorrente nos últimos anos, se apoderou do título. E desfila, pomposo, como sendo amor. 

Até quando ele se autossustenta? 
Quanto tempo ainda tem de vida?

O tempo que durar uma ilusão, eu diria.
Que morra esse amor de uma mão só.

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