Ele sempre viveu como se fosse morrer cedo.
Não que verbalizasse isso: “vou morrer cedo”.
Mórbido demais.
Mas essa urgência de viver, essa falta de compromisso com as coisas e as pessoas... só podia ser a certeza de que não duraria para sempre.
Não duraria nem algumas horas, bem dizer.
Era elétrico. Energético.
Despreocupado.
Mão aberta. Duro e endividado.
Aproveitava até a última gota.
Ia fundo até o último fôlego.
Vivia do agora,
como se tudo pudesse terminar a qualquer momento.
“E não é isso mesmo?”, dizia sempre, profundo (ou irônico?)
“Atenção, pode ser o último segundo da sua vida”.
E soltava uma risada meio nervosa, angustiada,
antes de sair agitado atrás de alguma emoção não vivida.
Mas então a conheceu.
...
...
...
E pela primeira vez na vida torceu para que o agora
durasse para sempre.
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