Chegou ao céu, ou algo parecido, e foi encaminhado ao seu próprio julgamento final. Um distinto senhor de barbas negras e, lógico, túnicas branquinhas, pediu silêncio e começou a sessão:
- Senhor, anh, Silva, pode começar sua defesa.
- Eu?
- Claro, o senhor. Ou acha que pode chamar o seu advogado? Essa é boa.
- Não acho nada, nem achava que existia vida depois da morte.
- Aha! então o senhor é ateu? anota aí, são Judas.
- Não, opa, pera lá. Ateu não. Eu só não pensava muito nisso e...
- Não era ligado às coisas do espírito? certo, certo. Tá anotando? Acorda são Judas.
- Ei, calma, não anota nada não. Não tava preparado. Cadê o juramento sobre a Bíblia?
- Bíblia, aquele objeto controverso? Olha só, aqui isso não é preciso, senhor Santos.
- Silva.
- Pois então, Senhor Silva. Vamos começar de novo. O senhor tem 1 minuto pra contar tudo o que viveu de relevante.
- Um minuto?
- 57 segundos, 56...
- Mas nem em um dia daria pra contar tudo, um absurdo isso.
- O tempo tá correndo. Tá contando aí, Santo Agostinho? Ligou o cronômetro dessa vez?
- Calma, lá vai (limpa a garganta). Fui um homem correto, dei esmola uma vez por semana pro velhinho do banco da praça perto de casa, ... tá, uma vez por mês em média. Eu, bem, eu nunca casei, não conheci uma mulher decente nessa, opa, naquela vida. Nem tive filho porque acho uma loucura colocar mais gente nesse mundo. Naquele mundo. Sou, quer dizer, fui filho único, meus pais morreram e... cadê eles no meu próprio julgamento?
- 32, 31...
- Vivi dentro da lei na maior parte do tempo. Só quando criança eu peguei umas coisas ali, outras aqui. Hum, deixa eu ver. Fui um bom funcionário público em mais de 20 anos de carreira e... é isso. Acabei.
- O senhor ainda tem mais 15 segundos.
- Mas acho que é isso ai. Nada mais a declarar.
- Anotou né, São Judas? Zera o cronômetro, Agostinho. E, bom, já temos a decisão.
- Mas já? não vão deliberar?
- Vou é liberar o senhor, e rápido que tem um sem fim de recém-chegados esperando. E a sentença é uma temporada no inferno. Novo julgamento dentro de 1 ano, no tempo da Terra.
- Como assim, inferno? um cara corretíssimo como eu? inferno?
- Inferno. Próximo?
- Ei, seu São Pedro, eu mereço uma explicação.
- Merecer não merece, mas hoje eu tô bonzinho, além de justo e vou explicar. Um homem que usa menos de 1 minuto pra descrever tudo o que viveu só merece o fogo do inferno. É desperdício demais. Próximoooo.
- Eu?
- Claro, o senhor. Ou acha que pode chamar o seu advogado? Essa é boa.
- Não acho nada, nem achava que existia vida depois da morte.
- Aha! então o senhor é ateu? anota aí, são Judas.
- Não, opa, pera lá. Ateu não. Eu só não pensava muito nisso e...
- Não era ligado às coisas do espírito? certo, certo. Tá anotando? Acorda são Judas.
- Ei, calma, não anota nada não. Não tava preparado. Cadê o juramento sobre a Bíblia?
- Bíblia, aquele objeto controverso? Olha só, aqui isso não é preciso, senhor Santos.
- Silva.
- Pois então, Senhor Silva. Vamos começar de novo. O senhor tem 1 minuto pra contar tudo o que viveu de relevante.
- Um minuto?
- 57 segundos, 56...
- Mas nem em um dia daria pra contar tudo, um absurdo isso.
- O tempo tá correndo. Tá contando aí, Santo Agostinho? Ligou o cronômetro dessa vez?
- Calma, lá vai (limpa a garganta). Fui um homem correto, dei esmola uma vez por semana pro velhinho do banco da praça perto de casa, ... tá, uma vez por mês em média. Eu, bem, eu nunca casei, não conheci uma mulher decente nessa, opa, naquela vida. Nem tive filho porque acho uma loucura colocar mais gente nesse mundo. Naquele mundo. Sou, quer dizer, fui filho único, meus pais morreram e... cadê eles no meu próprio julgamento?
- 32, 31...
- Vivi dentro da lei na maior parte do tempo. Só quando criança eu peguei umas coisas ali, outras aqui. Hum, deixa eu ver. Fui um bom funcionário público em mais de 20 anos de carreira e... é isso. Acabei.
- O senhor ainda tem mais 15 segundos.
- Mas acho que é isso ai. Nada mais a declarar.
- Anotou né, São Judas? Zera o cronômetro, Agostinho. E, bom, já temos a decisão.
- Mas já? não vão deliberar?
- Vou é liberar o senhor, e rápido que tem um sem fim de recém-chegados esperando. E a sentença é uma temporada no inferno. Novo julgamento dentro de 1 ano, no tempo da Terra.
- Como assim, inferno? um cara corretíssimo como eu? inferno?
- Inferno. Próximo?
- Ei, seu São Pedro, eu mereço uma explicação.
- Merecer não merece, mas hoje eu tô bonzinho, além de justo e vou explicar. Um homem que usa menos de 1 minuto pra descrever tudo o que viveu só merece o fogo do inferno. É desperdício demais. Próximoooo.
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