segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

25/1 - uma carta de (quase) amor pra SP

São Paulo,

Hoje é o seu aniversário - e o desejável era que eu te enchesse de elogios. Que falasse de gratidão, de respeito e de amor. Fiz isso anos e anos, sempre com muita verdade. Mas, Sampa, hoje eu não consigo. Não dá pra te tratar de forma apaixonada. Eu e você, estamos em crise. 

Claro que ainda existe carinho. Admiração. Amor, até. Mas não daqueles incondicionais. O amor que temos para hoje é: ‘te amo nos finais de semana e feriados’, ‘amo você quando não chove’, ou ‘dentro da segurança do meu apartamento’. Meu amor por você se encontra na patética categoria do “quando”: ‘te amo, São Paulo, quando estou fervendo numa das suas baladas incomparáveis’. ‘Amo quando quero ir ao cinema e sempre encontro uma sessão disponível, quando quero comer e em qualquer esquina tem uma refeição incrível, ou quando vejo que aquela turnê internacional confirma sua passagem por aqui’. Porque é aqui onde tudo acontece, certo? Sim. E daí?

Nossa relação hoje é essa, cidade: amo você quando isso ou quando aquilo. Não é sempre. Aliás, é raro. Porque na maior parte do tempo me enervo, perco a paciência, te questiono (e me questiono). Sei que tudo que tenho devo a você. Mas sei também o duro que dei pra, ao seu lado, conquistar o que é meu. Estamos quites, não estamos? 

Sei que tudo o que sou é reflexo da minha experiência contigo. Uma discipula à sua imagem e semelhança: inquieta, ambiciosa, batalhadora, cosmopolita. O problema é que ando repensando esse conjunto de “qualidades”. Tanto agito não anda me fazendo bem. Nem a mim, muito menos a você, cidade. 

Não, não existe outra na minha vida. Não penso em me mudar pra lugar algum (bem, talvez passe pela minha cabeça vez ou outra, encurralada em suas avenidas, sufocada pela nuvem permanente de monóxido de carbono, ou ameaçada pela correnteza que se forma em 5 minutos de chuva forte. Pensando bem, situações como esta estão se tornando corriqueiras. Considerar abandonar você é traição?)

Na verdade, SP, estamos presas uma à outra – as pessoas que amo estão aqui, minha carreira está aqui, algumas conquistas pessoais também. Talvez o amor esteja se transformando em dependência. Talvez seja só uma fase. Ou eu esteja ficando velha para uma relação tão intensa. Talvez eu queira a sorte de um amor tranquilo (para, em dias, descobrir que nada tenho de pacata e morreria de tédio em tempo recorde). Talvez eu precise de um amante. Uma casa do mato. Pra voltar a ter olhos para sua beleza não-óbvia. Pra voltar a me apaixonar por você. 

Seja como for, parabéns, Sampa! 

Te amo (ainda que de vez em quando).

domingo, 24 de janeiro de 2016

25/1 - São Paulo, meu amor

Ela é...

Completa em seu ecletismo. 
Acolhedora, no seu jeito duro de ser. 
Interessante, desafiadora. 
Irriquieta, sem dúvida ambiciosa. Incansável, como só ela.
E um que prepotente. Diz que é sem querer...

Companhia perfeita para a turma dos boêmios, dos intelectuais.
Da galera simples, dos descolados ou não, das diversas tribos. 
Caótica, sim. Anárquica? Não mesmo.
Generosa. Definitivamente. 
Inexplicável. Ou melhor: imprevisível.

Noturna, em sua essência. 
Misteriosa, em suas nuances. 
Surpreendente, em cada detalhe.

Boa de garfo, boa de papo. 
Fascinante. Forte. Independente. Intimidadora.
Verdadeira. 

Do mundo. 
Pra todo mundo.

Parabéns, cidade.
Meu espelho, minha síntese, grande amor.