quinta-feira, 16 de abril de 2020

Término de história alguma

Quando a gente termina o que, na verdade, nem começou
o vazio é diferente.

Porque ele, o vazio, sempre esteve lá.
Cheio de vontades desvairadas.
De fantasias não realizadas.
De um amor que nunca viu um espelho.

Então a gente termina:
"não quero mais viver de migalhas, acabou".

E é hora de esvaziar o vazio.
Não alimentar as vontades.
Não dar lugar à imaginação.

Hora de matar as fantasias
(vou sentir saudade...)

O que sobra: o vazio.
O vazio comum. O nada.
Talvez nem o sofrimento sobre.
- Espero.

É um processo demorado, eu sei.
Por que foi muito tempo com fome.
E vibrando com cada bocadinho que
- vez ou outra - aparecia.
Aquele pouquinho que me enchia de esperanças.

Sabe?
Quando a gente termina o que, na verdade, nem começou
a gente começa a se dar valor.
E fim.

Quarentena

Isolamento.
Isola, mente.
Mente que me assola.
Somente hoje...
Pra sempre? Isola.
Nesse isolamento,
- desoladamente -
só.