Quando a gente termina o que, na verdade, nem começou
o vazio é diferente.
Porque ele, o vazio, sempre esteve lá.
Cheio de vontades desvairadas.
De fantasias não realizadas.
De um amor que nunca viu um espelho.
Então a gente termina:
"não quero mais viver de migalhas, acabou".
E é hora de esvaziar o vazio.
Não alimentar as vontades.
Não dar lugar à imaginação.
Hora de matar as fantasias
(vou sentir saudade...)
O que sobra: o vazio.
O vazio comum. O nada.
Talvez nem o sofrimento sobre.
- Espero.
É um processo demorado, eu sei.
Por que foi muito tempo com fome.
E vibrando com cada bocadinho que
- vez ou outra - aparecia.
Aquele pouquinho que me enchia de esperanças.
Sabe?
Quando a gente termina o que, na verdade, nem começou
a gente começa a se dar valor.
E fim.