sábado, 17 de fevereiro de 2018

A seguir, cenas...

Ela sempre acreditou que seu futuro-amor-definitivo está lá no passado.

Que ele passou pela sua vida, e por um motivo qualquer, não ficou. Mas que, logo mais, ele volta - e pra ficar. Natália pensou que esse sempre foi "O Plano": uma brincadeira que o universo reservou pra ela, sabe-se lá porquê.

"Não é possível que o grande amor da minha vida seja um completo desconhecido. Alguém que não saiba nada sobre mim, minhas vitórias, batalhas, medos, qualidades/defeitos. Imagina o trabalho que dá atualizar esse cara sobre tudo isso?", conjecturou.

A verdade é que Natália sempre que se imagino envelhecendo ao lado de alguém muito, muito familiar! E a cena lhe traz um conforto absurdo. Uma certeza de que todos os desencontros - e foram muitos - valeram a pena. "Era pra ser assim". Um plot twist perfeito, pra fazer a novela da sua vida mais interessante.


Se bem que reviravolta mesmo seria ela "morder a língua" e encontrar o amor em uma pessoa inédita. Uma pessoa que ficaria feliz em escutar suas histórias, em descobrir suas qualidades/defeitos, em estar ao seu lado nas novas batalhas, comemorando as vitórias que estão por vir. E que a ajudasse a superar os medos. Como esse, de se apaixonar por alguém inteiramente novo.

"É", pensou Natália, "posso aceitar esse fim. Desde que ele seja feliz."

Ao pé do ouvido

Quando viu, já era. Virou paixão. Mas nunca foi esse o combinado.

A brincadeira era colocar cor àquela antiga amizade. Adicionar beijos e amassos aos encontros que, diga-se de passagem, sempre foram bons. A ideia era apimentar as coisas entre eles, sem expectativas, sem ilusões. Apenas curtição. Um jeito novo de se curtir.

Nada poderia dar errado.

Eram muito, muito amigos. Confidentes. Parceiros. E, sem aviso prévio, no impulso vindo de doses a mais de álcool, resolveram ir um tiquinho além. Flertaram. Trocaram provocações e bobagens ao pé do ouvido. E, depois, beijos e carícias. Uma, duas, três vezes. Um pouco mais.

Até que ela percebeu o crescente da paixão. O querer mais, o querer só pra ela. Sinais de ciúmes, angústia da saudade. Uma leve febre quando estavam juntos. Um desapontamento ao se despedirem.

E, então, fugiu.
A partir dali, tinha tudo pra dar errado. Pra que ficar pra ver?