segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Estudo de caso

Amizade entre homem e mulher?
Ô, colega, assunto irritante...
Por quê?
Porque... porque sim. Eu até acreditava em amizade entre os sexos - e sem sexo. Mas olhando bem de perto, bem de pertinho, eu tive que reconsiderar.

A Fê, por exemplo. Amigaça. Boa de papo, uma cabeça... Sempre tem um conselho bacana, uma opinião interessante. Crânio. Mas é feia. Bem, não é assim feia, feia... É sem graça. Eu não pegaria, sabe? Meio tábua, sem curvas, um nariz avantajado. Inteligente-feia, manja a peça? Quando usei minha relação com a Fê pra defender a amizade entre homem e mulher, vieram com a pérola: "homem só consegue ser amigo de mulher feia". Fiquei de cara com isso! Mas, pensando bem, o fato dela ser, assim, sem sal, ajuda. Adoro a Fê, puxa... Mas, não rola.

Ah, tem a Claudia também. Claudinha. Gata, viu? Tão gata que, logo que conheci, tive que ir pra cima. A gente ficou junto tipo umas 3, 4 vezes. Altas loucuras. Mas daí o tempo passou, a química esfriou, pintaram umas amigas dela muito das interessantes... Só sei que a gente partiu pra amizade. Foi natural. Apresentei os caras pra ela, ela socializou as amigas, cada um rodou a banca do outro... Tudo na irmandade. Até porque ela é muito engraçada, a gente morre de rir na companhia um do outro.

Olha, eu sempre me vangloriei da amizade com a Claudinha, mas aí me disseram: “assim não vale. A amizade de vocês só rola porque a tensão sexual não existe mais”. Então quer dizer que a gente só consegue ser amigo de verdade porque já nos "experimentamos"? Pois é, colega. Disseram que é por causa disso.

Dia desses, o Chicão veio me pilhar com esse papo de amizade entre homem e mulher lançando a tese, segundo ele, definitiva: “só é amizade mesmo se você passar pelo teste da cama”. Decifrando: amigo que é amigo passa a noite numa mesma cama e nada, mas NADA mesmo acontece. Nem pau duro, nada, disse o Chicão. Ai o Chicão me instigou...

Encuquei na hora. A Fê, por exemplo. Eu dormiria com a Fê. Mas e se ela viesse se encostando, luz apagada e tal... Me conheço! De luz apagada é sacanagem.

A Claudinha? Podia até passar no teste com a Claudinha. M-A-S – e sempre tem o “mas” – só se não rolarem confissões de alcova antes de dormir. Ô mania que ela tem de falar sobre as transas dela... Aí, ó, só de pensar fico “esperto”.

Então, e tem a Lara. Te falei da Lara? A Lara é lá do bairro. Amiga desde, ah, cara, desde sempre. Ela é molecona, sabe? Desbocada. Sem frescuras, nunca teve vaidade, esses papos de se vestir assim-assado, decote, roupa justa, essas paradas. A gente era amigo tipo brother. De ir junto pro estádio, de tomar todas no bar. Amigos o suficiente até pra fazer uma proposta ousada.

Sem rodeio, falei pra Lara da tese do Chicão. O teste da cama. E da minha intenção de desbancar o "dr." Chicão em seu mestrado sobre o assunto. Exagerada, a Lara soltou um palavrão, riu com gosto - e topou.

Pra apimentar a brincadeira, a gente combinou de dormirmos num motelzinho fuleiro perto de casa – numa quarta-feira, dia de jogo na TV, claro. Foi chegar, ela deu as ordens: “coloca na Globo e pega uma cerveja pra gente!”. Então sumiu no banheiro.

Passou um tempo - e, confesso, tinha até me esquecido da Lara (o jogo tava lá-e-cá) - ela reaparece vestida com um, como chama aquilo? Um babydoll, micro, micro.

Como se fosse a coisa mais normal do mundo estar seminua do lado do seu “brou”, ela pulou na cama, xingou o juiz e roubou a cerveja da minha mão.

“Que sede!”, disse ela, sacando sua frase-padrão-pré-primeiro-gole-de-cerveja. E, default, tomou um senhor gole.

Um pouco de cerveja escapou da boca rósea e carnuda da Lara que tentou, em vão, conter o líquido passando sua língua molhada preguiçosamente por ali. O filete de cerveja seguiu pescoço abaixo e tomou o rumo do decote dela, emparedado pelos tenros morros morenos que despontavam por ali e então... então eu não aguentei.

Aquilo era demais, DEMAIS.

Fui embora, indignado. Puto.
Isso é coisa que uma amiga de verdade faça?

(desde aquela noite, tenho evitado o Chicão...)

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