segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

Que bom que você veio

"Oi. Que bom que você veio. Me acompanha no vinho?"

"Garçom? Desculpa... chama você, claro."

"Então, você deve ter estranhado meu convite. Mas é que preciso muito esclarecer umas coisas. Vou direto ao assunto, tá?"

"O vinho tá ótimo, verdade. Pois é... Por que a gente terminou mesmo? Quer dizer... porque a gente brigou eu sei. O que eu não sei é porque depois você não quis voltar? Não era motivo pra terminar tudo, era? Fala a verdade, abre seu coração. Eu não to desenterrando isso pra gente ficar junto, eu sei que acabou."

"Tô sabendo do seu casamento... parabéns, viu? Foi rápido, né? Bacana... Mas é que tô num momento de resolver questões pendentes na minha vida e..."

"...isso, tô fazendo terapia, é muito bacana, você devia tentar um dia, todo mundo devia. Então... nosso término é uma questão pendente pra mim. Tipo, eu não entendo o que aconteceu. Me explica?"

"Ahã...
sei...
lembro disso, claro..."

"Mas não pode ter sido só por causa disso e..."

"Ahã... jura? Você se sentia assim?"

"Mas então foi culpa minha? Não? Ahã... tem certeza?"

"É claro que me sinto culpada, pô, a gente tinha uma coisa tão sensacional... fico pensando: onde eu errei?"

"Quero mais vinho sim, obrigada."

"Ah, vai, devo ter errado em algo... Em algo grande pra você ter deixado de me amar e...
Porque você me amava, né? É que você dizia que me amava..."

"Como assim, talvez?"

"É, eu lembro, na cama era fantástico, mas não dá pra confundir. Acho."

"Mas, se você não me amava, tudo faz sentido agora. Terminou porque você não me amava. Simples. Não existe mais ou menos."

"Brava? Não... to brava não."

"É, to rindo, mas é de alívio. Sério. Na verdade não tive culpa. E eu achando esse tempo todo que eu tinha estragado tudo. Nem tinha nada pra estragar..."

"Que bom. Bom mesmo... Puxa... nada como conversar pra resolver as coisas, né?"

"Putz, muito bom que você veio. Quero mais vinho sim, obrigada."

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