Maíra até que batalhou bastante para não se entregar.
Mas a cada rolê, a tristeza ganhava força. Já não era possível esconder a melancolia por trás dos copos de vodka e das batidas da música eletrônica.
Se durante a balada o incômodo era grande, a volta para casa, na alta madrugada, embriagada e cheirando a cigarro, era mortal. Lágrimas escorriam sem pudor, lambuzando o rosto com o que ainda restava de rímel. E a cabeça, latejando, repetia o mantra: “que solidão filha da puta!”.
Dormiu pouco e mal.
Acordou várias vezes, sentindo que contraía o maxilar, com força. Entre um despertar e outro, sonhava histórias aflitivas, onde medo e vergonha se alternavam. Vergonha. Sentia verdadeira vergonha de fingir diversão, de forçar sorrisos e disposição para qualquer coisa. Aquela luta doída por manter-se longe da melancolia só a fazia mergulhar nela.
Saiu da cama com dificuldade, mas decidida a arrancar a tal máscara e a encarar de vez a depressão.
No banco da praça, em companhia de uma revista qualquer, sentia o sol fraco da manhã de domingo e pensou ser isso, afinal, deixar-se levar. Mas viu, a seguir, o quão esquisito é permitir-se. Uma borboleta pousou no seu braço, coisa banal... E lá vieram elas, as lágrimas. Por baixo dos óculos escuros, sem rímel e sem censuras, deixou simplesmente acontecer.
E aquilo fez muito sentido.
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