10,
9...
Aquela contagem regressiva veio em boa hora. Era a chance de Lívia zerar a alma.
Se é que isso é realmente possível. Zerar a alma significa passar uma borracha no passado e deixar a folha em branco, limpinha, pronta para receber palavras novas. Quiça desenhos. Coloridos! Sorriu.
8,
7...
Entre um número e outro, Lívia puxou o ar. Encheu o peito com ânimo. E imaginou ser aquele um ar mágico. Cheio de partículas revigorantes, capazes de transformar sua frágil auto-estima em uma super-auto-estima. Turbinar sua força de vontade, nem que seja à força. Ao entrar nos pulmões, o ar, novo, deu novo fôlego à velha Lívia.
6,
5...
Lívia alisou o vestido branco com um quê de ansiedade. E lembrou-se então da calcinha nova, rosa como o amor. De algodão, simples e funcional como seu sonho. Sonho de um amor descomplicado. Puro. Adolescente. Sem rendas nem fitas. Um amor de algodão. Rosa.
4,
3...
Não faltava muito, pensou Lívia. Dois míseros números a separavam da sua nova vida. Uma vida com um novo emprego, com a volta ao curso de italiano e à dança, com a seleção mais criteriosa dos amigos,
2...
com tempo para ser saudável e bonita, com escolhas assertivas e ousadia para viagens e aventuras,
1...
Com coragem para dizer quantos nãos forem preciso. E coragem para não ser legal o tempo todo.
ZERO...
A não ser consigo mesma.
FELIZ ano (de) novo
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